23 de maio de 2011

A Ciência Moderna

A base da ciência moderna abriga a capacidade humanda de entender e explicar a realidade: ela dá nascimento ao sujeito moral, responsável pelo seu destino. Porém, isso só é possível em um mundo de liberdade, onde ele possa decidir, por sua própria conta, o que é certo ou errado, verdadeiro ou falso.


Bacon e Descartes erigiram a observação e a razão como novas autoridades dentro de cada indivíduo. Ao fazerem isso, dividiram o homem em duas partes – uma porção superior, sede da autoridade com relação à verdade (as observações, para Bacon; o intelecto, para Descartes), e uma parte inferior, que representa o nosso ser ordinário – o velho Adão que há em todos nós. (...) O homem foi dividido assim numa parte humana, fonte das suas opiniões falíveis (doxa), dos erros e da ignorância; e uma parte super-humana – os sentidos ou intelecto – fonte do conhecimento verdadeiro (episteme), cuja autoridade sobre nós é quase divina.
(Popper, 1972)

Um comentário:

  1. E vejam o quanto essa cisão do homem moderno serviu a teorias que supunham homens superiores a outros, ou machos superiores a fêmeas, povos superiores a outros povos... conforme quem "usasse mais a razão". É isso, aliás, o que sustenta a naturalidade com que a vivisecção ainda é (desnecessariamente, diga-se) feita... Ou o modo como os animais destinados a ser alimento são tratados em seus percursos de "vida"... Também muitas doenças humanas atuais nascem aí: estafa, stress, diversas patologias psicológicas, as fibromialgias, problemas sexais... tudo fruto de uma tensão enorme que, na melhor das hipóteses, busca colmatar essa cisão. Dá o que pensar, né?

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